Arte da Literatura de Cordel é o tema do próximo Patrimônio Cultural #Em Casa

Klévisson Viana, poeta da Literatura de CordelO poeta e estudioso da Literatura de Cordel, Klévisson Viana, vai se apresentar na edição do Patrimônio Cultural #Em Casa, na próxima terça-feira, dia 02 de junho, às 10h. A iniciativa é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em parceria com detentores de bens registrados como Patrimônio Cultural.  O poeta, que teve sua obra adaptada para teatro, cinema, televisão e quadrinhos, vai declamar cordéis e falar um pouco sobre essa forma de expressão na página do instagram @tupynanquimcordelbrasil

Seus trabalhos lhe renderam diversos prêmios nacionais e internacionais. Porém o que Klévisson Viana considera o mais valioso de todos foi o concedido em uma periferia de Fortaleza (CE). “Ser aguardado por quase 500 crianças sentadas num pátio de uma escola pública que gostariam de conhecer o escritor das obras que estavam estudando é o maior reconhecimento que tive na vida”, lembra.  

O cordelista conhece por experiência própria os benefícios que a leitura faz na vida de uma criança. Nascido em uma família humilde de Quixeramobim, sertão cearense, Klévisson conta que não teve em sua meninice acesso à escola, mas que o pai agricultor, sempre que chegava da roça, dedicava um tempo para ler livretos de cordel a ele e aos quatro irmãos.  O grande professor mesmo estava dentro de casa, conta. E o gosto pelo desenho também aflorava naquele menino observador, mas se as dificuldades da época não permitiam ter lápis e papel, a areia do chão serviria de tela para aprimorar um talento que em breve estaria reunido com as rimas e métricas de um cordel.   

Aos 8 anos quando a família se mudou para Canindé, o ambiente da diversidade cultural daquela nova cidade que abrigava romeiros de todos os cantos do país e artistas das mais diversas habilidades serviria de incentivo para ampliar o universo de histórias que começaria a contar para o mundo. Aos 18 anos mudou-se para a capital cearense e, amadurecendo junto com ele, estavam os escritos do poeta que agora abordavam diversos temas da cultura popular brasileira. Uma adaptação de O Guarani, de José de Alencar, lhe rendeu inclusive o Prêmio Jabuti. Do cangaço, a vida de Lampião lhe estimulou a pesquisar as mais de 400 gírias faladas pelos cangaceiros da época. Mas o poeta também foi além mar, e produziu cordel das obras Dom Quixote, de Cervantes; Os Miseráveis, de Vitor Hugo e os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. 

Klévisson Viana, poeta da Literatura de CordelKlévisson Viana explica que essas obras foram escritas para populares e para serem apresentadas e declamadas em praças públicas. Porém, como a língua também é dinâmica, palavras daquele contexto caem muitas vezes em desuso, dificultando a compreensão geral. Por isto ao adaptá-las para cordel, com uma linguagem mais simples, a obra retorna para o seu público original, o povo. “Se você ama o que faz, se você procura sempre aprimorar, conhecer e nunca se dá por satisfeito. Só assim evolui. Tem que estar aberto a críticas, sempre procurando aprender mais e mais, pois o bom artista nunca está pronto”. 

Muitos mestres e escritores lhe inspiraram. Leandro Gomes de Barros, o qual considera o pai dessa literatura no nordeste; o sergipano João Firmino Cabral; o mestre paraibano Azulão; o poeta e artista baiano Antônio Ribeiro da Conceição (Bule-bule); além de Alberto Porfírio, o primeiro poeta da cultura popular que teve contato tendo pelo livro Poetas populares e cantadores do Ceará de grande admiração. Contudo, ressalta que todos os bons poetas ensinam algo. “É só observar como que o artista solucionou a rima daquela palavra mais difícil, como encontrou esse jeito. Para os mais novos nessa arte digo: leia os grandes mestres, leia os grandes mestres, leia os grandes mestres. É preciso também saber ouvir, pois essa literatura é pra ser declamada, cantada”, enfatiza. 

E como um poeta contemporâneo, afirma que há de se aproveitar os novos meios de comunicação para difundir o cordel, pois o fato de divulgar essa arte nas mídias digitais não faz com que ela deixe de ser popular. Klévisson acredita que uma tradição tem elementos do folclore, mas está sempre se reinventando e que o suporte onde se imprime é o menos importante. “É só a roupa. E como toda roupa veste o nu, então eu penso que a essência que tem que se manter são métrica, rima, oração e a maneira de contar a história. O folheto é apenas um desses suportes, sendo o tradicional, mas não é o único”, conclui.  

Literatura de Cordel 
Conjugando tradições da oralidade, da poesia e das narrativas em prosa, o bem cultural reconhecido pelo Iphan em 2018, a partir do pedido de Registro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, se constituiu como uma relevante forma de expressão da sociedade brasileira. Inicialmente, o termo cordel era principalmente associado à forma editorial dos textos, veiculados em pequenas brochuras impressas em papel barato e vendidas suspensas em cordões de lojas de feiras e mercados com vistas à ampla difusão dos livros. 

Esse bem cultural imaterial tem origem no Norte e no Nordeste do país, mas  circula em diversas unidades da Federação, especialmente Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Nos dias de hoje, poetas cordelistas também definem o cordel como gênero literário constituído obrigatoriamente de três elementos principais, a saber: métrica, rima e oração.

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