Mariana
Mariana teve sua origem vinculada à exploração do ouro. A expedição, capitaneada pelo Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça, fixou-se à margem de um ribeirão e ali fundou um arraial denominado Ribeirão do Carmo, em homenagem ao dia de Nossa Senhora do Carmo, no dia 16 de julho de 1696. Mais tarde, em carta régia datada de 23 de abril de 1745, a Vila do Carmo foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Mariana, em homenagem a Dona Maria Ana D'Áustria, esposa de Dom João V.
A cidade, sede do primeiro Bispado do Estado, Mariana, viveu em torno da Igreja, presente em praticamente todos os seus empreendimentos importantes. Monumento Nacional a partir de 1945, a antiga Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo foi, ainda, a única da província a ter seu traçado urbano planejado no período colonial, diferenciando-se das outras vilas do ciclo do ouro que eram frutos de um crescimento espontâneo. A Vila, projetada pelo arquiteto português José Fernandes Pinto Alpoim, apresenta traçado com ruas perpendiculares entre si e praças retangulares, o que pode ser notado ainda hoje. A cidade abrigou o Seminário Menor, com sua bela capela, obra iniciada em 1750 e concluída entre 1780 e 1790, que foi a primeira casa de instrução de Minas, de onde saíram várias personalidades no âmbito da religião, das letras, da magistratura e da política.
Com o florescimento das Ordens Terceiras, na segunda metade do século XVIII, Mariana, como ocorreu em outras cidades da capitania e do país, beneficiou-se com a construção de seus templos. Não tendo alcançado o desenvolvimento de Ouro Preto, Mariana possui menos edifícios civis e templos do que a antiga Vila Rica. Entretanto, a Catedral de Nossa Senhora da Assunção, a Sé marianense, é uma das mais ricas e importantes igrejas mineiras; construída a partir de 1713, teve suas obras finalizadas na primeira década do século passado. É ela uma vigorosa construção de pedra e cal, caracterizada, externamente, por seu aspecto sóbrio, e, em seu interior, possui obras de arte, alfaias, prataria e pintura. Nela trabalharam Manuel Francisco Lisboa – pai do Aleijadinho; o construtor português José Pereira Arouca – que atuou em outras igrejas e em edifícios civis marianenses; e o maior pintor do período barroco mineiro, Manuel da Costa Athaíde.
Ao lado da Sé encontra-se a antiga Casa Capitular, um dos mais belos edifícios rococós do Brasil. Sua construção, datada do final do século XVIII e início do XIX, é também uma obra do mestre José Pereira Arouca. O edifício foi construído por iniciativa dos Cônegos da Sé, com o objetivo de constituir uma sede para as reuniões do Cabido ou Colégio dos Cônegos –padres selecionados que assessoram o Bispo. Em 1926, por doação do Cabido, o prédio tornou-se propriedade da Mitra Arquidiocesana, que ali instalou a Cúria Metropolitana e o Arquivo Eclesiástico até 1962, quando o bispo Dom Oscar de Oliveira o destinou para a sede do Museu Arquidiocesano de Mariana.
José Pereira Arouca é também apontado como autor da planta da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, considerada a mais bela igreja de Mariana, além de ser autor da planta de um dos exemplares mais curiosos da arquitetura colonial da cidade, a antiga Casa de Câmara e Cadeia. A edificação teve sua construção iniciada em 1768 e foi concluída trinta anos depois. Juntamente com as Igrejas do Carmo e de São Francisco, cujas fachadas estão em ângulo reto, forma o belo conjunto arquitetônico da Praça João Pinheiro.
A cidade conta com um acervo arquitetônico composto de antigas pontes, capelas e passo, nobres monumentos que marcaram o passado. Há ainda o conjunto de sobrados com casas comercias no térreo e sacadas no andar superior, localizados na Rua Direita, incluindo entre elas a casa onde viveu o poeta Alphonsus de Guimarães.
A cidade foi tombada em 14 de maio de 1938 - processo nº 069-T-38, inscrição nº 62, constando do Livro de Belas Artes, v. 1, p. 12. E teve seu Conjunto Arquitetônico e Urbanístico elevado à condição de Monumento Nacional pela Lei nº 7.713, de 6 de julho de 1945.