História - Pelotas (RS)

A primeira referência histórica sobre o município de Pelotas (RS) tem a data de 1758, quando Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela doou, ao coronel Thomáz Luiz Osório, as terras que ficavam às margens da Lagoa dos Patos. Fugindo da invasão espanhola, em 1763, muitos dos habitantes da Vila de Rio Grande (no extremo Sul do Brasil) buscaram refúgio nas terras de Osório. A eles vieram juntar-se os retirantes da Colônia do Sacramento, entregue pelos portugueses aos espanhóis em 1777, cumprindo o tratado de Santo Ildefonso assinado entre os dois países.

Em 1780, o português José Pinto Martins, que abandonara o Ceará em consequência da seca, funda às margens do Arroio Pelotas a primeira charqueada, valendo-se da abundância de gado a esmo pelos campos. A prosperidade do estabelecimento, favorecida pela localização, estimulou a criação de outras charqueadas e o crescimento da região, dando origem à povoação que demarcaria o início da cidade de Pelotas. Tanto o charque quanto o couro eram exportados, principalmente para a França, pelo porto localizado à margem do Canal São Gonçalo que liga as lagoas dos Patos e Mirim, o que gerou enorme riqueza. 

Fundada em 1812, por iniciativa do padre Pedro Pereira de Mesquita, a Freguesia de São Francisco de Paula passou a condição de vila em 1832. Três anos depois, foi elevada à categoria de cidade com o nome de Pelotas, em homenagem às rústicas embarcações feitas com couro animal e quatro varas corticeiras, para a travessia dos rios.  A cidade prosperou devido às charqueadas e aos curtumes, transformando-se, nas primeiras décadas do século XIX, de incipiente povoação que era ao final do século XVIII em verdadeira capital econômica da região, mantendo-se durante todo aquele século como uma das mais ricas e adiantadas cidades da Província do Rio Grande do Sul. 

Praça Cel. Pedro Osório, Pelotas (RS) Jardim de residência (Casa 2) tombada em pelotas (RS)


Barões da carne-seca - Os navios que levavam o charque para o Nordeste traziam de volta grandes quantidades de açúcar, transformado, no interior dos casarões pelotenses, em doces finos. Além de ser considerada a “cidade do charque”, Pelotas recebeu o título de Capital Nacional do Doce, especialmente em função da produção doceira, oriunda do intercâmbio charque-açúcar. A integração do Rio Grande do Sul ao mercado nacional deu a Pelotas o título de uma das mais importantes cidades do interior do Brasil, durante o século XIX. 

Habitaram a cidade nove barões, dois viscondes e um conde, o que rendeu à sua sociedade a pecha de “aristocracia do charque” ou os “barões da carne-seca”, enquanto a economia se desenvolvia em função da produção do charque, pedaços de carne salgada secos ao sol. Os recursos gerados por essa atividade permitiram o desenvolvimento de uma arquitetura eclética de alta qualidade, capaz de chamar a atenção de viajantes e forasteiros. 

Os bens tombados apresentam uma semelhança importante: compartilham uma história comum, em maior ou menor grau, relacionada com o ciclo do charque. Ao longo do século XX, a região também se consolidou como a maior produtora de pêssego para a indústria de conservas do país, além de outros produtos como aspargo, pepino, figo e morango. O município sediou um grande parque agroindustrial de conservas alimentícias, além da maior capacidade de abate de bovino no âmbito estadual, tornando-se um grande beneficiador de peles e couros. 

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