Diversidade Linguística brasileira é apresentada pelo Iphan ao governo francês
A realização de parcerias e de intercâmbios entre o governo brasileiro e francês na área da diversidade linguística é uma das intenções discutidas entre representante do Governo da França e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em comum, Brasil e França possuem uma região de multilinguismo situado na fronteira entre o Estado do Amapá e a Guiana Francesa, região onde se verifica comunicação em língua indígena das famílias Karib e Arawak, francês e português, como também de uma língua crioula, que mistura línguas indígenas ao francês e ao português. Para esta área, as instituições avaliam a possibilidade de firmar parceria bilateral para a realização de inventários linguísticos.
A experiência brasileira no campo da diversidade linguística foi tema de encontro solicitado pela embaixada da França no Brasil ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O grupo liderado pelo linguista Loïc Depecker, Delegado Geral da Língua Francesa e outras Línguas da França, foi recebido por diretores e técnicos dos Departamentos de Patrimônio Imaterial (DPI) e de Articulação e Fomento (DAF) do Iphan nesta segunda-feira, 13 de março, para a troca de conhecimento e perspectivas sobre o desenvolvimento de políticas linguísticas em ambos os países.
Um panorama sobre a realidade linguística brasileira, as categorias de línguas existentes no território nacional, e suas especificidades em relação à hegemonia da língua portuguesa foram abordadas pelo Iphan, que ressaltou o trabalho e os desafios do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL) – instrumento oficial de identificação, documentação, reconhecimento e valorização das línguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Entre os projetos de inventários linguísticos conduzidos ou financiados pelo Instituto, estão os da Língua Talian, da Língua Guarani-Mbyá e o do povo Asurini do Trocará.
O Iphan destacou ainda a parceria com a Universidade Federal do Pará, que visa à elaboração de uma Plataforma Interativa de Dados sobre a Diversidade Linguística. O projeto em desenvolvimento objetiva, entre outras ações, formatar uma nova edição revista e ampliada do Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú, tanto em formato físico quanto digital.
Ao apresentar um panorama sobre as políticas linguísticas na França, Loïc Depecker, apontou as similaridades e as diferenças em relação à experiência brasileira, enfatizando que um dos temas mais debatidos em seu país diz respeito à inserção das línguas não oficiais, como o Árabe, o Basco e o Berbere no horizonte de oficialidade das políticas públicas. Segundo o Delegado Geral, trata-se de línguas de comunidades que se dispersam por grande extensão no território francês e que reivindicam reconhecimento de suas identidades culturais, demanda originada, sobretudo, por cidadãos mais jovens descendentes de comunidades que migraram para França em períodos mais recentes.
O Linguista francês comentou ainda sobre os desafios da promoção de políticas linguísticas nos territórios ultramarinos, como, por exemplo, a Guiana Francesa e a Nova Caledônia, onde há ocorrência de expressiva diversidade linguística.
Os Diretores do DPI e do DAF, Hermano Queiroz e Marcelo Brito, respectivamente, reforçaram à delegação francesa a disposição do Iphan em incentivar a realização de parcerias e de intercâmbios entre as instituições.
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