Edição 2018

Há 31 anos, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade reconhece projetos que contribuem para a manutenção do que há de mais importante para uma sociedade: o Patrimônio Cultural. A premiação leva a esses projetos muito mais que aporte financeiro; proporciona o reconhecimento nacional, a visibilidade das comunidades envolvidas, a aproximação com novos parceiros e investidores e a possibilidade de continuidade de suas iniciativas.

Em 2018, o Iphan recebeu um total de 302 inscrições de ações culturais vindas de todo Brasil. Os projetos foram pré-selecionados pelas comissões estaduais, compostas por representantes de diferentes áreas de atuação, presidida pelo superintendente de cada estado. Depois de passarem pelas comissões estaduais, as 94 ações selecionadas chegaram à Comissão Nacional de Avaliação, presidida pela presidente do Iphan e composta por 20 jurados que atuam nas áreas de preservação ou salvaguarda do Patrimônio Cultural.

Assim, foram escolhidos oito projetos que são desenvolvidos nos estados do Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia e São Paulo. Essas ações representam, portanto, toda a diversidade da cultura brasileira e comprovam que a promoção e a preservação do Patrimônio Cultural e da identidade nacional se dá sempre por meio da apropriação desses bens e dessas manifestações, contando com a dedicação daqueles que acreditam que é possível conciliar o desenvolvimento econômico e sustentável com a valorização da memória e da cultura.

Cada vencedor recebe o prêmio de R$ 30 mil, o troféu e o Selo do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade – 2018, além de serem tema da Revista da 31ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade.

Os vencedores de 2018 são:

A força e a importância do Patrimônio Arqueológico podem ser vivenciadas com o Projeto OCA - Origens, Cultura e Ambiente (PA), do Museu Paraense Emílio Goeldi (PA), que desenvolveu ações na pequena Gurupá, onde pesquisadores e comunidades passaram a vivenciar o Patrimônio Cultural e, juntos, realizaram uma construção multivocal de sua história.

No Centro Histórico de Belém, a ação Circular Campina Cidade Velha (PA), da Kamara Ko Fotografias, uma rede de moradores, visitantes, artistas e amantes das artes mobilizada em um circuito cultural, nos bairros Campina e Cidade Velha. O projeto enche as ruas de vida, e difunde a ideia de que a cidade é para ser vivenciada, pois parceiros institucionais e produtores culturais abrem suas portas para que as pessoas se apropriem dos espaços urbanos.

O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade também trouxe esse ano um outro exemplo do que é capaz uma comunidade unida. Em São Paulo (SP), o Projeto Vila Maria Zélia – 100 anos, da Associação Cultural Vila Maria Zélia, celebrou os 100 anos da fundação dessa vila operária e, mais do que isso, debateu sua história e atual situação enquanto patrimônio histórico da cidade de São Paulo. As 210 famílias da pequena Vila transformaram suas memórias em um Centro Cultural, em livro, filme e exposição.

Do Recôncavo Baiano veio o Projeto Restauração e Revitalização da Fazenda Engenho D’Água (BA) que, com a obstinação de Mário Augusto Nascimento Ribeiro e sua família, restaurou a fazenda e tornou o Patrimônio Cultural acessível, viável e autossustentável. Renascida das ruínas, a propriedade é hoje referência de sustentabilidade econômica para a região. Outro vencedor que visa a integração da sociedade com a gestão do pública é o projeto Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) que cria um espaço de debates interdisciplinares e interinstitucionais sobre as diversas questões essenciais para a compreensão e difusão das formas de valorização, reconhecimento preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural de Pernambuco.

Aquelas que, a princípio, parecem simples ações corriqueiras, mas que são de grande importância no dia a dia dos brasileiros, também estão representadas entre os vencedores. No Pará, o projeto Letras que flutuam, da Mapinguari Comunicação Visual, identificou, entrevistou e registrou os artistas que abrem letra de barco, uma prática tradicional e particular de escrever os nomes dos barcos que navegam pelos rios da região. No Ceará, foi o Conselho Indígena Tremembé de Almofala (CITA) que desenvolveu o Projeto II Caravana do Museu Indígena Tremembé e, desta forma, contribuiu para a preservação da memória, do Patrimônio Cultural e para a difusão da cultura dos povos indígenas do Ceará, por meio da realização de uma série de oficinas, palestras, rituais sagrados, danças e apresentações artísticas. Já os sons que povoam a vida dos sertanejos estão reunidos no projeto Sonário do Sertão, onde a pesquisadora Camila Machado Garcia de Lima trouxe ao conhecimento de todos os sons do cotidiano, da natureza, de práticas religiosas, de narrativas dos sertanejos, ladainhas e músicas como uma harmoniosa orquestra que torna os sons do sertão um retrato de seu Patrimônio Cultural.  

 

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